domingo, 27 de março de 2011

Convento de Tentúgal

Os Palitos Folhados faziam parte do receituário da doçaria do Convento de Nossa Senhora da Natividade – Carmelo de Tentúgal.
Na doçaria portuguesa encontra-se uma grande variedade de folhados e recheios nos diversos tipos de Palitos Folhados, os do Convento de Tentúgal seriam, porventura dos mais elaborados, no século XIX já era conhecida a sua confecção.
No início dos anos 1890 do século XIX a Hospedaria da Dona Maria da Conceição Faria (1851-1940), única no caminho de Charrete de Coimbra à Figueira da Foz, inicia a confecção e comercialização dos Palitos Folhados como complemento à prestigiada cozinha aí praticada onde se distinguia o Cabrito e o Lombo de Porco assados no forno e a Lampreia na época.
A receita e arte de confecção são ensinados à Dona Conceição Faria por uma familiar, auxiliar no Convento e prática na confecção da doçaria e do qual saiu, após o encerramento em 1898.
O seu aspecto e gosto refinado, a qualidade e a divulgação dos Palitos Folhados da Dona Conceição Faria, levaram à alteração da sua designação logo nos primeiros tempos, associando ao “Pastel”, o nome da Vila, criando e popularizando assim a designação Pastel de Tentúgal.
No século XX a Hospedaria mantém as suas características e após a implantação da República em 1910, Portugal conhece um grande desenvolvimento com a construção de estradas e o aparecimento dos primeiros automóveis. A partir do início dos anos 20, é a sua filha, Dona Branca Faria Delgado (1894-1982) que dá grande incremento e divulgação aos Pasteis de Tentúgal e manteve a casa até ao início dos anos 80. Para o seu prestígio contribuíram as frequentes visitas da classe abastada e de professores e estudantes da Universidade de Coimbra, que vinham a Tentúgal apreciar e encomendar os pastéis da Dona Branca Delgado que posteriormente divulgavam por todo o país.
As apreciadas características do Pastel de Tentúgal encontram-se no folhado fino e estaladiço, único na doçaria portuguesa e no recheio de ovos. Inicialmente na sua confecção estava presente a amêndoa ralada que lhe requintava o gosto, devido à sua escassez esta veio a ser abandonada. Por encomenda e menos divulgada a forma Meia-Lua, era o pastel das bodas.
A confeição manteve-se exclusivamente na família da Dona Conceição Faria até meados dos anos 50, altura em que apareceu um novo confeiteiro a comercializar, originando assim um novo ciclo do Pastel de Tentúgal.
Os familiares da Dona Branca Delgado não lhe deram continuidade. Hoje, o pastel mantêm basicamente as mesmas características, a industrialização do seu fabrico tornou-se na principal empregadora e geradora de riqueza da antiga Vila.

Convento de Tentúgal: Frente

Convento de Tentúgal: Entrada

Convento de Tentúgal: Rua lateral

Convento de Tentúgal: Porta

Convento de Tentúgal: Santo e data na porta

Convento de Tentúgal: Traseiras

Convento de Tentúgal: Praça

Convento de Tentúgal: Jardim

Convento de Tentúgal: Jardim - Moinho de água

Convento de Tentúgal: Jardim - Moinho de água

Convento de Tentúgal: Jardim - Passagem de água

Convento de Tentúgal: Jardim - Passagem de água


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